sábado, 20 de agosto de 2011

Um pouco sobre o 'Programa Viola, minha viola', da TV Cultura de SP


O programa “Viola, minha viola”, da TV Cultura, está ligado à dimensão cultural do interior do país, resultado das influências do branco, do negro e do índio. De norte a sul, essa miscigenação resultou em ricas manifestações de nossa música. A viola foi introduzida no período da colonização do Brasil pelos jesuítas e colonos portugueses. Em contato com a cultura indígena adquiriu características próprias. Chegou aos interiores e misturou a musicalidade já presente em suas cordas com os sons existentes na nova terra. Aos poucos, a viola foi se tornando a principal porta-voz do homem do campo no Brasil. Gerou novos ritmos como os cururus, cateretês, catiras, rasqueados, recortados.

Na tentativa de valorizar essa cultura tradicional, surgiu o “Viola, minha viola”, na TV Cultura, em abril de 1980. Tudo começou com o radialista Moraes Sarmento [Rubens Sarmento (1922-1998), que atuou nas rádios Cultura, Cosmos, Tupi, São Paulo e Bandeirantes e, com o advento da televisão, nas emissoras Bandeirantes, Record e Cultura] e com o compositor Nonô Basílio [Alcides Felisbino de Souza (1922-1997), cantor e diretor artístico]. Posteriormente, ganhou a ilustre presença da cantora Inezita Barroso [Ignez Madalena Aranha de Lima (1925), cantora, atriz e pesquisadora, gravou mais de 80 discos, fez sete filmes, trabalhou na TV Record, Rádio Record, Rádio Tupi, SBT, Rádio USP, Rádio América e principalmente TV e Rádio Cultura], que comanda o programa até hoje ininterruptamente.

O “Viola, minha viola” completa em 2011 a marca de 31 anos de transmissão ininterrupta. É o mais antigo programa musical da TV brasileira. No contexto audiovisual, é também a principal fonte de registro da música caipira e sua evolução recente. O programa se tornou um templo de resistência (e de audiência) sobre a música caipira. Em mais de 1.400 programas gravados, passaram pelo palco do programa os mais relevantes cantores do gênero – em seu início de carreira, no auge ou em suas últimas participações na TV. A história do programa se confunde com a história do próprio gênero nas últimas décadas.

O arquivo em vídeo e áudio do programa está sendo digitalizado e utilizado em homenagens aos compositores e intérpretes que fizeram a história do gênero. A TV Cultura guarda, em diferentes formatos, mais de mil edições do Viola, Minha Viola. A plateia que acompanha as gravações é extremamente fiel e o público brinda o programa com uma das maiores audiências da emissora.

(CMAIS.com.br)

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